terça-feira, 24 de agosto de 2010

O RC e as eleições




Entendo que a disciplina racionalista cristã que recomenda não promover campanhas políticas em nossas casas (Capítilo 2 do PRC 13)  vem sendo interpretada de forma equivocada pela maioria de nós.
Sendo uma doutrina que consagra a evolução das criaturas,  não haveria de estimular o analfabetismo político, impondo aos militantes o afastamento de um processo eleitoral que diz respeito às suas vidas. Não, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A preocupação maior da doutrina tem sentido mais amplo, abrangente e pensa o RC como instituição do mundo inteiro.
Penso que quando as forças superiores intuíram no sentido de fazer constar da disciplina a proibição (é proibição mesmo!) de se promover campanhas políticas no RC miravam no futuro da doutrina, na sua ascensão por diferentes povos e nações, cada qual com seu costume e crenças e não no varejo das preferências eleitorais de cada militante.
A referência, é claro, está estrita à condição de estado, de soberania das nações onde a  doutrina um dia irá se instalar fisicamente, posto que já chegou via Internet. Uma instituição com a nossa proposta não pode e nem deve promover campanhas e tampouco admiti-las nas questões de estado.
Apenas como exemplo citamos a decisão iraniana de tirar a vida de mulheres acusadas de adultério a pedradas;  de permitir a poligamia aos homens, de matar em nome de seus deuses ou, como no caso de Taiwan, o estranhíssimo hábito de comer fetos humanos. Que dizer da castração feminina na Nigéria  (também em outros países da Africa, Peninsula Arábica e da Asia), que extirpa os critóris e grandes lábios nas mulheres, deixando apenas as funções orgânicas para que não conheçam o prazer sexual?
Há  muitos costumes que nos horrorizam pelo mundo afora e sobre os quais o Racionalismo Cristão não toma e nem tomará partido por entender que cada um está onde quer e merece.
Não, não estamos nos omitindo, apenas não nos intrometemos. E a intromissão é um grave defeito, um atributo negativo. Não é o mesmo que pedir um voto ao companheiro, de recomendar um bom candidato. Melhor ainda se o recomendado for uma criatura do bem e de valor, quando são tantos os fichas-sujas.
A doutrina não quer transformar seus militantes em analfabetos políticos, os que Brecht bem definiu. O próprio Luiz de Mattos nunca escondeu sua predileção pelo Marechal Floriano Peixoto, que a história hoje revela quão foi tirano. E até um político foi Presidente Astral da minha filial, Nilo Peçanha.
Há que se ter a preocupação de deixar bem claro que as posições são pessoais e não da casa racionalista cristã onde por ventura se discuta não só eleições mas quaisquer questões. Uma vez debatido, discutido, que não alcance os portões quanto mais o lado de fora. Temos sim a obrigação de saber escolher bem e é natural que troquemos idéias sim, sem o pavor de estar contrariando a disciplina. O PRC 13 não é livro sagrado, não tem dúbia interpretação e tampouco requer que se explique o que muito bem explicado está.
Logo, sou defensor de que companheiros da doutrina aspirem cargos públicos por eleições. O rigor do nosso processo seletivo bem expressa que haverá de ser um excelente político. O homem de valor não deve ser uma alternativa. Sim uma constante, como nos militantes do RC, sem menosprezar os demais.